8 Jeitos de Mudar o Mundo

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Zilda Arns iniciou com vanguarda o trabalho pelos ODM

A médica catarinense Zilda Arns, morta na última terça-feira (12/01) em terremoto no Haiti, teve uma vida exemplar para todos os brasileiros. Sua missão foi a saúde pública. Ao fundar a Pastoral da Criança, na década de 80, Zilda prestou auxílio inestimável para desencadear país afora as políticas públicas de alimentação e nutrição, amamentação e controle da mortalidade infantil, entre outras ações de prevenção e promoção da saúde, tão preciosas ao desenvolvimento da infância. A Pastoral da Criança, hoje presente em 27 países, foi destaque da 1.ª edição do Prêmio ODM Brasil, em 2005. "A atuação desta grande mulher e grande sanitarista brasileira foi essencial para elevar a criança a uma condição prioritária dentro das políticas públicas brasileiras", afirmou o ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão. "Morreu em missão, como viveu toda a sua vida." Missão ativista Nascida em 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha (Santa Catarina), Zilda Arns Neumann morava em Curitiba desde os 10 anos de idade. Formada em Medicina, escolheu o caminho da saúde pública desde cedo. Trabalhou inicialmente como pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba, e posteriormente como diretora de Saúde Materno-Infantil, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Em 1980, foi convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná. Em 1983, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criou a Pastoral da Criança com Dom Geraldo Majela Agnello, cardeal e arcebispo primaz do Brasil, que na época era arcebispo de Londrina. Em 27 anos de trabalho, a Pastoral conta com a ajuda de mais de 260 mil voluntários e atende quase 2 milhões de gestantes e crianças menores de seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios brasileiros. Crianças, gestantes e idosos Em 2008, mais de 1,9 milhão de gestantes e crianças menores seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres foram acompanhados pela ONG em 4.063 municípios brasileiros. Ao todo, a Pastoral conta com mais de 260 mil voluntários que levam conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres. No ano de 2004, também a pedido da CNBB, fundou a Pastoral da Pessoa Idosa que atende 129 mil idosos acompanhados, todos os meses, por 14 mil voluntários. Reconhecida nacionalmente e internacionalmente pelo trabalho que realizava, Zilda Arns era cidadã honorária de 10 estados e 35 municípios. Recebeu títulos de doutor honoris causa de cinco universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinente de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina. Entre os prêmios que recebeu estão: .Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007; .Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA); .Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); .1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); .Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1998); .Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997) e .Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994). Em 2006, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Era defensora contumaz da criação de uma fonte de recursos permanente para o Sistema Único de Saúde (SUS) e foi conselheira pelos últimos 18 anos do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sua atuação também é tida como fundamental para a sustentação de práticas hoje arraigadas no SUS, como o controle social e o cuidado com a saúde indígena. Zilda Arns estava no Haiti disseminando entre religiosos de comunidades carentes daquele país as práticas exitosas da Pastoral.

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